Descobrir Estremoz

 

O concelho de Estremoz integra o subgrupo de municípios do Alentejo Central. Este insere-se numa região denominada por Zona dos Mármores. O concelho ocupa uma área total de 514 Km2 e tem uma população de 12 683 (2021) habitantes (30 hab/Km2).

É constituído por 9 freguesias, sendo que uma é urbana – União das Freguesias de Estremoz (Santa Maria e Santo André) – e as 8 restantes são rurais: Arcos, Évora Monte, Glória, União de Freguesias do Ameixial (Santa Vitória e São Bento), União de Freguesias de São Bento do Cortiço e Santo Estêvão, S. Domingos de Ana Loura, , União das Freguesias de São Lourenço de Mamporcão e São Bento de Ana Loura, e Veiros. 

Este concelho goza de uma localização geográfica privilegiada, já que está posicionado no cruzamento das ligações rodoviárias: Lisboa-Madrid e Faro-Guarda. É também de referir que é delimitado a Norte pelos concelhos de Sousel, Fronteira e Monforte. Já a Sul é delimitado pelos concelhos de Évora e Redondo, a Nascente pelos de Borba e Monforte e a Poente pelos de Sousel, Arraiolos e Évora.
Quanto ao clima, este é típico de regiões do interior. As amplitudes térmicas anuais são consideráveis. No Inverno as temperaturas médias mensais são de 10ºC, no Verão são de mais de 20ºC, chegando a serem superiores a 35ºC. Já a precipitação tem um total anual de 661,8mm.
Estremoz atinge uma altitude de 448m. Da sua posição sobranceira é possível admirar a bela e vasta paisagem rural. A nascente da cidade, a paisagem é marcada pela exploração e extracção de mármore, uma das actividades económicas.

No que respeita à ocupação dos solos, predomina a cultura extensiva e de sequeiro. As culturas com mais relevância são a vinha, os cereais e a floresta. Esta última divide-se em montado de sobro e azevinho, pinhal, eucaliptal e matos incultos. Além da agricultura, existe uma pequena área de solos que é ocupada por pedreiras de extracção de mármore.
A vinha tem vindo a substituir a cultura dos cereais, contando-se em Estremoz cerca de vinte Adegas. É também de notar a existência de algumas manchas de terreno ocupadas por pinhal, eucaliptal e matas incultas, particularmente na Serra D’Ossa.

Sendo os solos ocupados maioritariamente por explorações agrícolas e pedreiras, as principais actividades económicas do concelho estão relacionadas com estas. São então as principais actividades económicas: as actividades agrícolas (vinho e horticultura) e a indústria extractiva do mármore. Existe ainda uma parte, ainda pequena, da população a trabalhar no sector da indústria e dos serviços, mas há uma tendência para crescimento. Tem-se verificado ao longo do tempo que estes dois sectores têm vindo a crescer e a solidificar-se.

Para além das actividades económicas já referidas, predomina o artesanato, as feiras e o turismo.

O artesanato é feito com os materiais que a terra dá, tais como o mármore, o barro e a cortiça.
Quanto às feiras destacam-se dois certames anuais: a FIAPE (Feira Internacional de Agro- Pecuária de Estremoz/Feira de Artesanato) e a Cozinha dos Ganhões. A gastronomia regional, criada a partir de uma reduzida variedade de ingredientes e de processos simples, encontrados pela sabedoria do povo, é um deleite para os sentidos.
Predominam as carnes de porco e de borrego, as sopas tradicionais de pão de trigo condimentadas com ervas aromáticas (que crescem espontaneamente nos campos), o queijo de leite de ovelha e os enchidos.
A tradição conventual oferece uma doçaria feita à base de gemas de ovo, amêndoas e gila.
Detentora de um património cultural inigualável e de um conjunto de unidades hoteleiras de qualidade e acessíveis a diferentes “bolsas”, Estremoz atrai cada vez mais visitantes.

ÉVORA MONTE

Dominando a planície alentejana, no alto de uma colina com 481 metros de altitude, surge o Castelo de Evoramonte, povoação que se distinguiu na História de Portugal contemporâneo por ali ter sido assinada a Convenção que, em 26 de Maio de 1834, restabeleceu a Paz em Portugal, após vários anos de sangrenta guerra civil entre liberais e absolutistas.

Acerca da sua fundação pouco se sabe. Provavelmente terá sido conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques, em 1166, mas não existem fontes seguras que o possam confirmar.

A primeira menção a Evoramonte surge no ano de 1248, quando D. Afonso III lhe concedeu Carta de Foral, posteriormente corroborada e ampliada em 1271, com o intuito de povoar a vila.

Em 1306, tendo como objetivo proteger a vila e os seus habitantes, D. Dinis manda construir as muralhas medievais, que ainda hoje subsistem e mantêm as suas quatros portas em arco de ogiva, da época da fundação.

D. Nuno Álvares Pereira recebe a vila por doação em 1385 e cede-a, em 1461, ao seu neto D. Fernando, tornando-a propriedade do Ducado de Bragança.

A 15 de dezembro de 1516 D. Manuel I concede à vila a Carta de Foral da Leitura Nova, confirmando o Termo Evoramontense.

Em fevereiro de 1531 a vila foi sacudida por um violento sismo que destruiu quase por completo as suas estruturas medievais.

Para afirmar o poder da Casa de Bragança na época, D. Jaime I e D. Teodósio I mandam reforçar as muralhas com baluartes cilíndricos e erguer a imponente Torre/Paço Ducal, logo após o terramoto.

A Torre é um exemplar único da arquitetura militar de transição, do manuelino final, sem antecedentes nem precedentes em Portugal, e que serviu essencialmente como residência de caça dos Duques de Bragança. A sua posição dominante e cénica, no meio da planície, cumpre na integra o propósito da sua construção: afirmar a Casa de Bragança como a segunda mais poderosa do Reino e dando sentido à máxima “Depois de Vós, Nós”, ou seja, depois do Rei, a Casa de Bragança. Esta particularidade está fortemente presente na conceção do edifício, através dos Nós que envolvem o mesmo e que se tratam de um símbolo da heráldica Bragantina, adotado pelos arquitetos responsáveis pela sua autoria, os irmãos Francisco e Diogo de Arruda.

A Convenção de Evoramonte foi assinada na casa de Joaquim António Sarmago Presidente da Câmara na altura, tendo confirmado a vitória dos liberais, seguidores de D. Pedro IV, sob os absolutistas, seguidores de D. Miguel. Esta guerra entre irmãos terminaria, assim, numa modesta casa da Rua Direita desta vila, na qual se reuniram os Duques de Terceira e Saldanha, pelos liberais, e o General Joaquim Azevedo e Lemos, chefe absolutista, assinando a Convenção, que resultou no exílio de D. Miguel para Áustria e no triunfo do Liberalismo em Portugal.

Evoramonte foi sede de concelho até 1855, altura em que passou a integrar o Concelho de Estremoz, situação que ainda hoje se mantém.